Quando a memória já não é mais a mesma, os movimentos e até a capacidade de comunicação ficam comprometidos, é sinal de que a pessoa pode estar passando por um processo de declínio cognitivo.
Por ser mais comum em pessoas idosas, a situação é ainda mais preocupante. Isso porque a população brasileira está envelhecendo, e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já projeta que, em 2060, teremos mais idosos do que jovens no Brasil.
Além disso, vários estudos mostram que a perda auditiva – que também é mais frequente em pessoas de idade avançada – pode contribuir para a diminuição das capacidades cognitivas. Então, que tal explicarmos melhor este assunto? Confira a seguir:
O que é declínio cognitivo?
Você já percebeu que, à medida que envelhecemos, as falhas de memória se tornam mais comuns? Esquecer o nome de alguém, a data de aniversário de uma pessoa importante, ou até mesmo o que estava fazendo minutos antes.
Isso acontece porque as células do nosso cérebro também se desgastam com o passar dos anos e precisam ser estimuladas com maior frequência, para que continuem funcionando.
Quando essas falhas nas capacidades cognitivas – memória, atenção, comunicação, coordenação motora, reflexos – são frequentes, dizemos que há um caso de declínio cognitivo, ou comprometimento cognitivo leve (CCL).
De acordo com estudo da Universidade de São Paulo (USP), este é um problema que atinge de 15 a 20% da população idosa mundial e pode ser considerado o primeiro estágio para o desenvolvimento de quadros de demência ou de doenças degenerativas do sistema nervoso, como o Alzheimer – embora isso nem sempre aconteça.
Qual a relação entre o declínio cognitivo e a perda auditiva?
A perda auditiva tem causas variadas e pode acontecer em indivíduos de todas as idades. Porém, em idosos, ela é ainda mais frequente e tem até nome: presbiacusia.
Um estudo norte-americano revelou que 81,4% das pessoas com 80 anos ou mais possuem algum grau de perda auditiva. No Brasil, dentre as pessoas consideradas surdas, 57% são idosos, ou seja, com idade acima de 60 anos.
E o problema é que o déficit auditivo vai muito além da dificuldade de ouvir. Afinal, dependendo do grau da perda auditiva neurossensorial, a pessoa deixa de enviar os estímulos nervosos dos quais o cérebro precisa para processar os sons com nitidez.
Sem ouvir direito, ela também terá complicações para se comunicar. Como resultado, a tendência é que acabe se isolando, seja por vergonha ou por medo de sofrer preconceito dos próprios familiares.
Com as células envelhecendo e o cérebro cada vez menos estimulado, cria-se uma situação favorável para o declínio cognitivo, que, quando não tratado precocemente, pode evoluir para doenças degenerativas graves.
A Universidade de Oxford divulgou recentemente que pessoas com dificuldade de ouvir falas têm até 91% mais chances de desenvolver quadros de demência, o que representa um estágio bem mais avançado de declínio cognitivo.
O aparelho auditivo pode ajudar a evitar o declínio cognitivo?
Bem, acabamos de ver evidências de que a perda auditiva – principalmente por limitar a comunicação e estimular o isolamento social do portador – pode agravar os casos de comprometimento cognitivo leve (CCL).
Dessa forma, a reabilitação auditiva – geralmente feita com o uso de aparelhos – é fundamental para que o paciente possa voltar a escutar os sons com clareza e, assim, enviar estímulos ao cérebro.
Aliás, também já existem pesquisas – como a da Alzheimer ‘s Association – que comprovam a eficiência dos aparelhos auditivos em reduzir os riscos de doenças mentais causadas por declínio cognitivo.
Vale ressaltar que, hoje em dia, esses dispositivos estão muito mais discretos, confortáveis e tecnológicos do que antigamente, fatores que contribuem para a adaptação do usuário e, consequentemente, para a eficácia do tratamento.
É possível prevenir a perda auditiva?
Embora qualquer pessoa possa nascer com perda auditiva (e daí a importância do teste da orelhinha) ou desenvolvê-la pelo envelhecimento natural das células do ouvido, o processo pode, sim, ser acelerado por hábitos evitáveis – como a exposição prolongada a ruídos.
Em outro artigo aqui do blog da Binaural, mostramos 5 maneiras de melhorar a sua audição e manter a saúde dos ouvidos em dia. Vale a pena ler!
De qualquer forma, se você notar zumbidos, sensação de ouvido entupido, necessidade de aumentar o volume da TV e/ou de pedir para que as pessoas repitam a fala, a melhor coisa a ser feita é procurar um médico otorrinolaringologista para avaliar o seu caso.
Na maioria das vezes, o problema é resolvido sem necessidade de cirurgia e, quanto mais cedo o tratamento começar, mais fácil será recuperar a qualidade de vida do paciente.
Conclusão
Neste artigo, você pôde perceber que são vários os estudos que apontam a relação entre perda auditiva e declínio cognitivo, principalmente em pessoas de idade avançada.
Vimos também que, se o problema não for tratado, há chances consideráveis de o caso evoluir para quadros de demência ou Alzheimer. Sendo assim, é muito importante que, já nos primeiros sintomas de déficit auditivo, a pessoa seja acompanhada por um médico otorrinolaringologista.
Quando necessário, o uso do aparelho auditivo também pode ajudar a manter o paciente socialmente ativo, estimulando o funcionamento do cérebro.
A Binaural espera que este conteúdo tenha sido útil para você. Se quiser saber mais sobre o assunto, veja o artigo em que explicamos os efeitos da perda de audição na terceira idade e como superá-los.